COVID 19 – RETORNO AO TRABALHO E TIPOS DE TESTES DIAGNÓSTICOS


Boa parte das ações propostas frente a pandemia do SARS-COV-2 se baseiam em realização de avaliação médica, correlacionando dados da historia pregressa da moléstia atual e devida anamnese. Sendo estes dados imprescindíveis para a indicação da testagem e avaliação complementar laboratorial no momento adequado, visando alta sensibilidade e minimizando chances de falsos negativos.

Todos os esforços são focados em promover saúde e informação adequada a todos os colaboradores, tendo assim o controle do contágio e a manutenção das funções da empresa, sua produtividade com a maior segurança forma possível.

Quem deve ser testado?


Teste rápido sorológico

Colaboradores sintomáticos com quadro de Síndrome Gripal, que se enquadrem em uma das seguintes categorias:

• Contato próximo com Profissionais de serviços de saúde e segurança em atividade, seja de assistência ou de gestão.

• Pessoa que resida no mesmo domicílio de um profissional de saúde ou de segurança pública em atividade.

• Pessoas com idade igual ou superior a 60 anos.

• Portadores de comorbidades de risco para complicações da COVID-19.


Resultado do teste sorológico

Teste positivo:
O resultado do teste positivo indica a presença de anticorpos contra o SARS-CoV-2, o que significa que houve exposição ao vírus, não sendo possível definir apenas pelo resultado do teste se há ou não infecção ativa no momento da testagem. Ao resultado do teste é imprescindível a identificação de sinais e sintomas de Síndrome Gripal e a avaliação clínica subsequente. Tendo em vista o cenário epidemiológico atual, para fins de conduta deve-se considerar que essa pessoa está ou esteve com COVID-19. É necessário realizar isolamento domiciliar de 14 dias, a contar do início dos sintomas da pessoa com síndrome gripal e seus contatos domiciliares.

Teste negativo:
No caso da população economicamente ativa que não for profissionais de saúde ou segurança pública em atividade, mesmo com o resultado negativo do teste, sugere-se a manutenção do isolamento domiciliar sob orientações e supervisão remota de 7 até o limite 14 dias após o início dos sintomas e se apresentar assintomático a no mínimo 72 horas mediante avaliação médica.

** A necessidade de atingir 72 horas de período assintomático para os profissionais se deva à estudos baseados em evidência de redução importante da carga viral após 72 horas do fim dos sintomas. Essa medida permite que o grau de transmissibilidade do profissional seja reduzido a parâmetros mínimos, mesmo na eventualidade de um resultado falso-negativo. Reiterando sempre as medidas pré-existentes de lavagem das Mãos, uso da máscara e distanciamento social no ambiente de trabalho.

Tipos de Testes


Teste molecular – RT-PCR em tempo real

É o teste padrão-ouro para o diagnóstico de infecção por coronavírus, cuja técnica detecta o RNA viral em amostras coletadas por swab da cavidade nasal e orofaringe, por aspirado de secreção da nasofaringe ou até de vias aéreas inferiores. Até esse momento, é considerado o método de referência no Brasil para confirmar COVID-19. Apresenta como desvantagens o tempo necessário entre a coleta e a disponibilização do resultado, além da necessidade de estrutura laboratorial e de equipe técnica qualificada para sua realização.

O RT-PCR permanece sendo o teste de escolha para pacientes sintomáticos na fase aguda. O Ministério da Saúde recomenda que o teste seja coletado entre o 3º e 7º dias de sintomas, preferencialmente, quando a carga viral é maior, podendo ser coletado até o 10º dia. Após o sétimo dia a positividade do RT-PCR começa a cair, chegando a 45% entre os dias 15 e 39. Possui alta sensibilidade e especificidade, especialmente nos primeiros dias de sintomas.

Casos com RT-PCR positivo não necessitam realizar investigação diagnóstica complementar, esses casos devem ser tratados como casos confirmados de COVID-19. Porém, testes falsos negativos são possíveis. Vários fatores podem levar a um resultado negativo em um indivíduo infectado, incluindo:

• Má qualidade da amostra, contendo pouco material do paciente;

• A amostra foi coletada em uma fase muito precoce ou tardia da infecção;

• A amostra não foi manuseada e enviada adequadamente;

• Razões técnicas inerentes ao teste, como mutação do vírus ou inibição de PCR.


Em casos de alta suspeita clínica com resultado negativo, o teste deve ser repetido com materiais de amostras de vias respiratórias inferiores. Nos casos de SRAG, sugere-se aproveitar a mesma amostra de material já com RNA extraído para investigar Influenza e outros vírus respiratórios.


Testes sorológicos – Teste rápido, ELISA e imunofluorescência

São testes que detectam anticorpos IgM e IgG para SARS-CoV-2, em pacientes com infecção atual ou pregressa.

Estudos apontam que a presença de anticorpos aumenta rapidamente após o sétimo dia de doença, chegando a estar presente entre o 8º e 14º dia em 89% dos pacientes para anticorpos totais, 73,3% para IgM e 54,1% para IgG. Após o 15º dia de doença, a presença de anticorpos totais chega a 100%.

O tempo mediano para soroconversão foi de 11 dias para anticorpos totais, 12 dias para IgM e 14 dias para IgG. Pacientes que foram testados em até uma semana após o início dos sintomas tiveram uma proporção considerável no número de resultados falsos negativos nos testes rápidos de anticorpos.

Os testes rápidos têm a vantagem de apresentarem o resultado em poucos minutos e não requererem infraestrutura de laboratório para a sua aplicação. Esses testes utilizam amostras de sangue capilar ou venoso.


O uso dos testes imunológicos na população geral pode ser útil para determinar a prevalência de infecções por SARS-COV-2 durante a epidemia e, para isso, poderiam ser feitas testagens de regiões por amostragem.

Além disso, poderão ser utilizados para identificar pacientes com alta suspeita clínica para COVID-19, mas com resultado de RT-PCR negativo ou RT-PCR indisponível.

Resultados negativos não excluem a infecção por SARS-CoV-2 e resultados positivos não podem ser usados como evidência absoluta da doença. O resultado deve ser interpretado com auxílio dos dados clínicos e outros exames laboratoriais confirmatórios.

Como há muitos laboratórios produzindo os testes imunológicos no momento, deve-se avaliar se o produto possui registro na Anvisa, avaliar a documentação do fabricante e considerar que os dados podem ser insuficientes para tomada de decisão.

Antes de se utilizar qualquer teste é essencial que o mesmo passe por um processo de validação no Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS)/Fiocruz, a fim de avaliar se os resultados do teste podem ser considerados confiáveis (verificar parâmetros como sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e valor preditivo negativo). Mesmo validados, é importante salientar que os testes rápidos apresentam limitações e a principal delas é que precisa ser realizado, de forma geral, a partir do 8º dia do início dos sintomas.

É imprescindível que se notifique o resultado individual de todos os testes rápidos. Para isso, é preciso notificar o caso suspeito no sistema eSUS-VE (https://notifica.saude.gov.br) e informar o resultado do teste no campo específico.


Obrigado desde já,
A disposição.

Dr. Guilherme Storte
CRM-SP 198.870

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