Durante o processo de infecção , o vírus se multiplica ativamente. No início podendo ser detectado em amostras biológicas como secreções nasais e orais ( nasofaringe e orofaringe). Em um primeiro momento, há um período de latência em que ainda não é possível detectar a resposta do seu sistema imunológico. Após o transcorrer de alguns dias, o seu organismo começa a produzir anticorpos, frente ao estimulo da infecção , em títulos suficientes para serem detectados pelo testes diagnósticos presentes hoje em dia.
Os anticorpos do tipo IgM são produzidos primeiro até atingir o pico máximo entre 7 a 10 dias, em média e depois quase desaparecem. Essa resposta primária é indicativa de uma infecção aguda, recente. Posteriormente, ocorrerá a resposta imune secundária, mais rápida, mais intensa e prolongada. A partir de cerca de 14 dias do início dos sintomas e ou exposição viral os Anticorpos do tipo IgG serão produzidos e durarão mais tempo no sangue, teoricamente conferindo imunidade ao paciente testado.
Para detectar a presença do vírus (detecção direta), podemos usar dois tipos de testes
PCR, que detecta a presença do vírus e ou fragmentos do mesmo e TESTES IMUNOLÓGICOS QUALITATIVOS, que detectam proteínas do vírus, os chamados antígenos virais. Assim como os testes rápidos, baseados em imunocromatografia. Em que se identifica a presença de infecção ou não pela presença de anticorpos, porem não os distingue entre IgM e IgG e nem apresenta a quantidade de cada um presente na amostra. Podendo assim não deixar claro a presença de uma infecção aguda / recente ou uma imunidade no caso da presença de IgG reagente.
A outra forma de teste é o que detecta os anticorpos que você produz em resposta à infecção, são os testes sorológicos para detecção indireta da presença do vírus, frente ao estimulo a produção destes anticorpos. Neste tipo de teste laboratorial e até mesmo em cassete de teste rápido, ja existente no mercado atualmente, se avalia a presença ou não de anticorpos na amostra sanguínea do paciente com caso suspeito para COVID19 e em alguns tipos de testes a quantidade destes anticorpos.
Sendo assim uma avaliação diagnóstica QUALITATIVA, pois diz se tem ou não determinado anticorpo e podendo ser também QUANTITATIVA, nos mostrando o valor de cada anticorpo presente na amostra. Embora existam várias modalidades para cada um desses tipos de testes, explicaremos brevemente como eles funcionam.
Detectar o genoma do vírus e ou fragmentos: RT-PCR
O material genético do coronavírus SARS-Cov-2 é uma molécula de RNA. Depois que a amostra é coletada (o esfregaço nasofaríngeo ou aspirado mais profundamente), a primeira coisa a fazer é extrair o código genético do vírus. Isso normalmente é feito usando um kit de extração de ácido nucleico.
Assim, além de inativar o vírus, obtemos seu material genético em forma de RNA. Em seguida, você deve copiar esse RNA e transformá-lo na forma de DNA. Isso é feito com outro kit que usa uma enzima chamada transcriptase reversa ou Retro Transcriptase (daí o “RT”, do nome RT-PCR).
O material genético do vírus agora na forma de DNA é amplificado pela reação em cadeia da polimerase (PCR, em inglês). Essa amplificação consiste em fazer milhões de cópias de um fragmento do DNA, para que possamos “visualizá-lo” ou detectá-lo usando um sistema específico.
Se a reação for positiva, isso mostra que havia a presença do vírus, ou de fragmentos dele no organismo do paciente testado, ou seja, que a pessoa esta infectada.
Um comentário adicional a ambos os testes para detecção direta do material genético ou de fragmentos de proteínas virais em que o resultado é positivo, isto não implica que o vírus seja ativo e ou o individuo um transmissor. Ou seja, podemos detectar o material genético viral presente ou suas proteínas no organismo, mas o vírus não está completo, ou seja, podemos detectar “restos e ou pedaços” dele, sendo estes não capazes de causar a infecção.
Detectar anticorpos contra o vírus: Testes Sorológicos
A próxima abordagem é detectar a resposta imununológica contra o vírus, os anticorpos que nosso corpo produz para nos proteger. Sendo esta uma detecção indireta da presença do COVID19, pois não detectamos o vírus, mas sim a resposta que nosso corpo apresenta frente a presença dele, a partir de uma amostra sanguínea.
Novamente, existem diferentes técnicas para realização dos testes sorológicos, porem se assemelham na forma de identificação dos anticorpos. Nesse caso, as proteínas virais são fixadas no suporte, geralmente as proteínas mais expostas ao exterior, como a proteína S do envelope. Isso ocorre porque a primeira coisa que nosso sistema imunológico reconhece é o que está mais distante do vírus.
Como neste teste queremos detectar os anticorpos que produzimos. Se houver anticorpos contra o vírus na amostra, eles “grudam” e se ligam às proteínas do vírus, surgindo um imuno-complexo entre anticorpo e antígeno viral do COVID19.
Se a reação for positiva, isso mostra que haviam anticorpos contra o vírus, ou seja, que a pessoa já esteve em algum momento com o vírus e seu sistema imunológico reagiu produzindo anticorpos para neutralizar o vírus e deixar com que as demais células de defesa do nosso sistema imune destrua-o.
Vale ressaltar que isso não implica necessariamente que você está infectado, pois dependera de quais anticorpos iram reagir positivamente ao se realizar a análise sorológica (IgM, indicativa de uma infecção recente, ou IgG, indicativa de uma resposta secundária e, portanto, mais prolongada conferindo imunidade, teoricamente ao COVID19), conforme comentado anteriormente.
Uma desvantagem importante desse tipo de teste é que o organismo leva vários dias para produzir anticorpos em títulos detectáveis aos nossos sistemas de analises laboratoriais e ou em testes rápidos, como em ensaios imunocromatograficos.
Em outras palavras, uma pessoa pode estar infectada, mas durante os primeiros dias não fornece um resultado positivo nesse tipo de teste, que é o chamado período de latência da infecção.
A disposição,
Dr. Guilherme Storte
CRM SP 198.870